sábado, 21 de novembro de 2009

Poemas de Noite em Claro

Os prédios, delineadores de horizonte
Chuva forte, peito molhado, a cena é bonita
Delineadores de vida, palavras e gestos
Chuva forte, rosto molhado, a cena é triste
nada como a saudade para nos mostrar quem somos
nada como o medo para nos mostrar porquês.
Vou, vida molhada no bolso
pedras mostrando quem fica
o mundo provando que existe.
Se...

.

Vestido de tristeza,
Meu terno quadrado e mofado,
Calço, justo, o aperto do sapato,
Água no rosto, me lavo com o fato,
E justiça seja feita,
Estou pronto pro retrato.

.


Manalaparadepatiticabum,
Beijos, cafés. Cigarrillo, vai um?
Manalá, manalaê, manalá
Fome, frio, bruxaria e cabala
Manalaê, Manalá, Manalaê
Febre, família, medo, porque?
Manalamoçadeparacefabem
Moça, moço, bicho, eu também
Manalalá, manaláqui, manamor
Sonho, sarro, e beijo de amor
Manaláparadefazeumbocó
Cigarro guardado. Cê vê, é o ó!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um quase Giotto di Bondone

Era afeito às coisas simples,
Como o pintor que desenhou um círculo.
Era Forte. Breve, mas forte,
E se fosse americano,
Era bem capaz de fazer filme americano!
(se fosse francês não passaria na porta de um cinema...)
Mas nasceu, e já devia ter um ano que nasceu,
Na corda sempre bamba da América do Sul:
Pra não ser rico
Pra não ser fino
Nem elegante
Nem quixotesco
Nem jogador
Ator de novela
Não era nada
Nem muita coisa
E um belo dia
Conheceu Morena
Conheceu Morena
Conheceu Morena...
E foi conhecer Morena, deu pra escrever poesia!
(e gostar de cinema francês, o coitado!)

Um dia Morena cansou de ser Morena,
Mudou, mudou, Morena mudou de forma,
Passou a folha de papel em branco.
(Daí pra nunca mais...)

A simplicidade perdeu das suas cores fracas,
O círculo deixou de ser círculo
E virou filosofia...

Pobre Morena!