segunda-feira, 23 de maio de 2011

Olho pro mundo e me sinto órfão,

Órfão de vida, valor e vizinhos.

A verdade é que vejo o mundo

E quando me assusto, não vejo nada,

Olho, porque é isso o que se pode fazer,

(ouvir me aborrece, cheirar me aborrece,

e a sociedade evita a proximidade do tato...)

Mas, mesmo assim, me aborreço.


Olho pro mundo e só vejo gente órfã,

Órfãos de vida, valor e sentido.

Olho pro mundo e não vejo mundo,

Cegueira e poeira, atrapalhando o caminho...

É preciso não ver, é preciso se misturar,

(num mundo senil, caduco e velhaco

A falta de gente e de cores berrantes

Atrapalha a beleza de qualquer lugar)


Paciência’, é o pedido do mundo.

É preciso fé, é preciso ter fé!

Admito a existência de Deuses

De bruxas e bruxarias,

(a mim e aos meus, admito)...

Só não creio na existência das gentes

É mito, afirmo e não hesito.

(ninguém crê se não existe!)

Nesse ponto, sou estrito.


Sou cético,

Se não fosse cego,

Seria Céltico.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Person Revisited ou Verso (em) Branco para Belo Horizonte

Quem me dera ver a minha cidade como estrangeiro.

E nunca perceber que a beleza das meninas daqui

Não as torna mais bonitas que as meninas do mundo.

Quem me dera não ter as minhas, minas, meninas dos olhos.

Poder ver – pra ver e poder – tudo isso, como se não fosse meu...


(devia ser, no mundo, que nos tornássemos donos de tudo o que já vimos mais de um milhão de vezes)


Assim, talvez, minha cidade não fosse tão feia

pasmem, porque minha cidade pode parecer bela aos que não viram a minha cidade

aos que são puros, aos que são bons, aos que não têm o meu coração


(Ao Papa, meu Deus!, ao Papa)


Quem me dera não ver a minha cidade

Quem me dera não conhecer cada rato e cada esgoto da minha cidade

Quem me dera não saber pra onde correr na minha cidade

quem me dera a minha cidade fosse a cidade dos outros

e eu não amasse a minha cidade.