Olho pro mundo e me sinto órfão,
Órfão de vida, valor e vizinhos.
A verdade é que vejo o mundo
E quando me assusto, não vejo nada,
Olho, porque é isso o que se pode fazer,
(ouvir me aborrece, cheirar me aborrece,
e a sociedade evita a proximidade do tato...)
Mas, mesmo assim, me aborreço.
Olho pro mundo e só vejo gente órfã,
Órfãos de vida, valor e sentido.
Olho pro mundo e não vejo mundo,
Cegueira e poeira, atrapalhando o caminho...
É preciso não ver, é preciso se misturar,
(num mundo senil, caduco e velhaco
A falta de gente e de cores berrantes
Atrapalha a beleza de qualquer lugar)
Paciência’, é o pedido do mundo.
É preciso fé, é preciso ter fé!
Admito a existência de Deuses
De bruxas e bruxarias,
(a mim e aos meus, admito)...
Só não creio na existência das gentes
É mito, afirmo e não hesito.
(ninguém crê se não existe!)
Nesse ponto, sou estrito.
Sou cético,
Se não fosse cego,
Seria Céltico.