sábado, 12 de novembro de 2011

“Passarinho pode voar o dia inteiro. Mas precisa botar os pés no chão quando quer comer.”

Passarinho, vôo o dia inteiro

E estaciono numa nuvem carregada

Pra comer da minha semente

Pra me esconder dos gaviões

E pra flertar com a passarinha


Passarinho, vôo de Janeiro a Janeiro

E escrevo meu verso, também

Rasgando o céu de nuvem de avião

Tenho cara de corajoso e sou poeta

Viver é flertar com a passarinha.


Passarinho, não invejo passarão

Sei que sou sabido e sem dinheiro

E é por isso que vôo, não piso no chão

E só faço voar, o dia inteiro:

“ai, ai, ai, Minha Passarinha”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ora (direis), ouvir estrelas

Tarde da noite, quando só sobram estrelas

Vadio meu pensamento, ficamos eu e elas

E sozinho, vou arrumando o passo

Reacendendo a chama, varrendo o caminho

(tarde da noite, quando soçobram estrelas)

Nessa hora da noite, confesso, nem eu existo

Mas organizo o pensamento de dez encarnações

Ouço estrelas tricotando pressentimentos

Vou à janela e até me esforço: não posso vê-las

(quando só há sons, na hora das estrelas)

Sei e confesso que qualquer rima é passageira

E eu, por mais que viva, vivo breve e passageiro

Solto na pequena diocese de uma alma pequena

Porém extrema, refém, vós me dizeis, refém!

(Ora (porém), vos digo, só ouço estrelas!)

sábado, 3 de setembro de 2011

O que há de Homem em mim:

O verde-claro

o mar, marasmo

a reta, o cimento

tão só momento...

E o desenho:

são eu, sou eu.


A esfinge quando devora

o não-ser, nonsense

a dor que não sente

a resposta certa...

E sua negativa:

são eu, sou eu.


O valor das coisas

a sensação do gozo

o cheiro de novo

o que pensa o outro...

e as Mouras:

são eu, sou eu.


O amor de dia

a veia vazia

aposto e vírgula

a verdade dita...

E a mentira:

são eu, sou eu.


A razão sozinha

o ponto-cego

o que não havia

a paixão, o medo...

E a filosofia:

são eu, sou eu.


O fraco, o pálido

um Baco, o rápido

A transa, o transido

a musa, a música...

e a angústia:

são eu, sou eu.


O vidro estilhaçado

o porta-retrato

a mulher nua

e seu sinônimo...

O heterônimo:

sou eu, são eu.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quero te dizer, Amor:

Meu Amor, Meu Amor, me escuta! Só senta, cala a boca, sem se mexer, sem nada e me escuta! Para com isso, para com isso, por favor. Isso, mesmo! Isso de não se satisfazer, sabe? Pra você não adianta saber, tem que entender, adivinhar, ter certeza de porque você sabe, e isso não serve pra nada, isso não tira a gente do lugar, presta atenção, saber, só sabendo, já fica tudo muito bom. Pula sem ter motivo pra pular, anda... A sensação do vento é a mesma, a gente sabendo ou não qual a direção.

Amor, Meu Amor! O que eu sempre quis dizer pra todo mundo é que a gente devia brincar, saber a regra, sem entender a regra e brincar.

Faz tempo, Amor! Mas nem tanto tempo assim! Que toda sexta-feira o interfone de casa tocava e era alguém me chamando pra brincar, sábado e domingo a mesma coisa, e eu descia e brincava, porque o sentido da vida era esse e agora eu leio e tem gente falando que a vida não tem sentido e que não ter sentido é um sentido que não pode ser considerado sentido. Tá sentindo, Amor? Entendeu?

A coisa que eu mais sinto falta nessa vida é do interfone na sexta-feira, porque, ali, todo mundo sabia tudo sem saber porque sabia.

Eu corria muito, tinha até apelido, hoje correr é outra coisa e eu quero brincar, ficar com o pé preto, chegar em casa vermelho comer um doritos e ver novela no colo de alguém, nem que alguém seja a almofada gostosa do sofá.

E, meu bem, pode parar de pensar tudo errado, não é que eu não cresci, é o contrário, quero isso porque cresci, quero isso porque amei uma vez na vida, Amor, e Amor, te amar era mais gostoso naquela época, era mais sério, sabe? Eu só sabia, não sabia por que sabia. O problema é isso, é esse. Eu sei conjugar, mas estão tentando me enfiar na cabeça o porque de eu saber conjugar, Amor, e não tem amor que resista a isso!

Eu sou peixe fora d’água, Amor, eu sei e estou cansado de saber, só não tenta me explicar porque, eu prefiro ser assim! Assim pelo menos eu posso me sentir único quando dá tudo errado. Saber a ignorância, não é a mesma coisa que sabê-la e, Amor, você me conhece, eu prefiro gosto à ideias!

Eu sei, eu sei, Amor. Você anda me apresentando algumas meninas por dia, anda me contando no ouvido quem vale a pena mas, Amor, você tem que entender que eu sou eu, você é você. Eu sei que se eu tivesse sido sincero naquela hora, minha vida seria outra. E sei, também, que eu perdi a oportunidade de não falar o que sinto quando você mandou, mas Amor!, ia adiantar o quê? Você promete, porque sabe por que sabe, eu não sei, entendeu?

Não vou correr de você, Amor, de jeito nenhum! Mas, não fica olhando o retrovisor, porque se eu estiver correndo atrás do seu conversível, vai ser atrás de bola, não de você! É o que eu disse, eu quero brincar, Amor, e você não sabe brincar, ninguém que te conheça sabe brincar...

Olha, Amor!, pra você, eu estou mesmo quando não estou, tá bom? E se você quiser fazer outra coisa, porque até Você deve se cansar de Você mesmo, pode me chamar pra brincar numa sexta a noite: a gente pula do décimo andar, a gente sobe em rabeira de ônibus, pode até deitar e contar as luas, mas inventa as regras na hora, tá bem?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Após pedidos insistentes e incessantes do Poeta, informa-se: foram recomeçadas as buscas por sua Nova Musa.

Arrancaram a lápide lisa

junto com o nome, a grama, a data

disse o Poeta aos jornalistas:

“o que não está morto, não se mata!”

domingo, 7 de agosto de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Meu Velho,

O velho me falava coisas de velho.

Coisas que velhos gostam de falar,

Falava sobre a China, que é velha,

Mas não é tão velha quanto o velho.

Porque o velho tem a alma velha

E almas velhas são mais velhas

Do que qualquer país velho e velhaco.

O velho falava coisas de velho

E quando foi a hora de deitar, o velho

Continuou querendo falar, como os velhos

(Tão velho...)

Tão velho que estava o velho dormiu,

E o velho não disse mais nada.

Não disse nada, e o velho nunca mais sorriu.

Entrou pro álbum de fotografias

(Nosso, que nunca seremos tão velhos)...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

De repente

Sou habitante por hábito

Gente como todas as gentes

Nos conformes, mas informo

De repente:

Quero a solidão ao amor

Quero estar sozinho

(na companhia que for)

Quero o hálito da serpente,

De repente.

Nas dores, concentro

Quero andar a passos curtos

no Centro,

Esquecer a pressa e sem mais

Olho por olho, dente por dente,

De repente...

E entre o texto e o que penso

Passear pelo intenso

Com uma rima pobre à frente,

De repente!

Mas ao cair da tarde disforme

Ao perceber o sonho distante

Ver o hábito do presente

Decadente...

De repente?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Aos Guerrilheiros de ontem.

A vida é uma plantação de tomates podres,

Como a pretensão das odes,

Como a manutenção das cortes.

Viva o Médici! Viva o Médici!

O vermelho da rosa-viva

(Que não merece outro nome,

apesar de daninha)

Grita desesperado por uma liberdade

Já conquistada, já consentida!

Viva o Médici! Viva o Médici!

E a criação de galinhas, cacareja:

“Morte ao homem-morto!

Morte ao homem-morto!

Morte ao homem-morto!”

E cacareja o galo-rei:

“Matei o homem-morto

Matei! Foi, não foi?”

E a chama vermelha inflama,

Matou o homem-morto

E se reconhece na glória!

“E quem não matou o homem-morto?”

Esse só pode escutar história!

Viva o Médici! Viva o Médici!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os Tubos.

Tubos, tubos, tubos,

Que me invadem a barriga e o braço!

(não tenho certeza se estou acordado.)

O escuro, em si,

É mais definitivo que a imagem.

Tubos, tudo tubos:

As veias e o intestino do mutilado.

(talvez esteja morto, talvez desacordado)

No escuro e no frio que é a gente mesmo

Quando não temos pensamento algum

O espaço é só nosso corpo inteiro:

Tubos, tubos, tubos!

A morte é a companhia real do companheiro,

(Acho que estava morto, mas veja,

acordei desse jeito:)

Tubos, todo tubos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Flores Murchas.


E as flores de outrora
Não é que murcharam agora?
E nem por isso sou menos feliz
(flores murchas são mais gentis...)
Não dizem nada a meu respeito
E não dizem a respeito de nada
(flores murchas são mais amadas...)
E as flores de mais alta estatura
Satisfeitas e refeitas são, ainda, duras
E eu, híbrido do meio, sou flor e cultura
(flores murchas são mais seguras...)
E nem por isso sou menos que era
(flores murchas são mais sinceras...)

domingo, 26 de junho de 2011

Ao Mundo, Para o Mundo!


O que eu devia

Era contar a história do mundo!

A história de todas as pessoas do mundo!

Mas eu não gosto,

(e também não preciso!)

De ter vontade de chorar.

Calma, calma!

Não quero dizer de nada disso!

E pode ser que um compromisso

Me tire a vontade de falar.

(A história do mundo é tão bonita

É tão afoita e passageira,

Como o que acontece em todo lugar...)

Eu, também, não sei de tudo,

Mas, veja bem, imagino muito!

E, sem saber, posso inventar...

A história do mundo é a minha história

(e o que acontece atrás da porta):

Mundo sem fronteira,

Gente sem lugar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Olho pro mundo e me sinto órfão,

Órfão de vida, valor e vizinhos.

A verdade é que vejo o mundo

E quando me assusto, não vejo nada,

Olho, porque é isso o que se pode fazer,

(ouvir me aborrece, cheirar me aborrece,

e a sociedade evita a proximidade do tato...)

Mas, mesmo assim, me aborreço.


Olho pro mundo e só vejo gente órfã,

Órfãos de vida, valor e sentido.

Olho pro mundo e não vejo mundo,

Cegueira e poeira, atrapalhando o caminho...

É preciso não ver, é preciso se misturar,

(num mundo senil, caduco e velhaco

A falta de gente e de cores berrantes

Atrapalha a beleza de qualquer lugar)


Paciência’, é o pedido do mundo.

É preciso fé, é preciso ter fé!

Admito a existência de Deuses

De bruxas e bruxarias,

(a mim e aos meus, admito)...

Só não creio na existência das gentes

É mito, afirmo e não hesito.

(ninguém crê se não existe!)

Nesse ponto, sou estrito.


Sou cético,

Se não fosse cego,

Seria Céltico.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Person Revisited ou Verso (em) Branco para Belo Horizonte

Quem me dera ver a minha cidade como estrangeiro.

E nunca perceber que a beleza das meninas daqui

Não as torna mais bonitas que as meninas do mundo.

Quem me dera não ter as minhas, minas, meninas dos olhos.

Poder ver – pra ver e poder – tudo isso, como se não fosse meu...


(devia ser, no mundo, que nos tornássemos donos de tudo o que já vimos mais de um milhão de vezes)


Assim, talvez, minha cidade não fosse tão feia

pasmem, porque minha cidade pode parecer bela aos que não viram a minha cidade

aos que são puros, aos que são bons, aos que não têm o meu coração


(Ao Papa, meu Deus!, ao Papa)


Quem me dera não ver a minha cidade

Quem me dera não conhecer cada rato e cada esgoto da minha cidade

Quem me dera não saber pra onde correr na minha cidade

quem me dera a minha cidade fosse a cidade dos outros

e eu não amasse a minha cidade.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

As 27 horas do dia.

Entre todas as vinte e sete horas do dia

Em vinte quatro horas eu só sei viver(!)

E nas outras três horas que sobram no dia

Eu penso, reflito e só digo o quero dizer!

Se eu vejo quem é como é; será que ele me via?

(em todas as vinte sete horas do dia...)

Nas vinte sete horas que existem num dia

Três são usadas por mim pra sonhar e beber

E as outras, cimento e concreto, não são poesia!

São duras, são frias; mas, ah! Que se pode fazer?

Um discurso, um recurso, ou, quem sabe, um curso de Letras

(Nas vinte e quatro horas em que não valem as outras)

E viver em três horas o que não se vive na vida

Em todas as vinte e sete horas do dia...

sábado, 26 de março de 2011

Menino.

Quando o canto contar o conto

vai ou deve chegar um ponto

em que alguém vai empunhar espada

e lutar pelo que não vale nada.

e, então, espada empunhada

ouvir-se-á o berro do profeta:

-Quem quer brigar pelo que não vale nada?


Vai correr em desatino,

vai brigar por um menino,

que no fim não vale nada,

talvez se finja de morta,

ou se esconda atrás da porta.

Quem vai brigar por um menino

que no fim não vale nada?


Quando Deus descer ao Chão

no lombo feio e enferrujado

de um carro pior que o seu

e gritar na cara de cada:

-quem vai brigar pelo que não vale nada?

Alguém vai enfrentar o feio

e brigar pelo que não vale nada?


Vai sorrir em desalinho,

nas costas a sombra de um menino,

que no fim não vale nada.

quem vai dar meio carinho,

quem vai ser ninho e aninho,

de um menino que não vale nada?

domingo, 20 de março de 2011


Sua vontade de não ter vontade

é que me dá vontade de chorar

quando eu tento, tento e tento

quando a história vai passando

e eu com medo de passar.


O seu sorriso é o que me mata

quando, aos poucos, se afasta,

como o brilho dos seus olhos

se afastando com a história,

e eu com medo de passar.


Minha coragem murcha de repente

e eu soletro calmamente

“eu só quero te falar”

mas eu não falo, eu não conto,

porque não são neo-platônico

e eu tenho medo de contar.


já pensei em mandar flores

já pensei em escrever

já tentei gritar seu nome

já pensei umas perguntas

(mas, sem coragem de fazer)


já cansei de esperar

já cansei de te dizer

já te disse que te amo

já tentei te entender

(mas, esse poema é péssimo, será porque?)


Sua vontade de não ter vontade

de aprender junto comigo.


Sua vontade é ter tanta vontade

de aprendermos separados

pra podermos fazer juntos?


minha vontade é não ter vontade

porque sinto tanta saudade

que posso abraçar o mundo.

domingo, 6 de março de 2011

O babaca

Olho o babaca de frente ao espelho

O babaca que diz que é poeta

Que olha pra cima:’Creio? Não creio?’

Olho pelos olhos do babaca

Que enxergam o chão e só o chão

Vejo de cima, como se não fosse o babaca

Um babaca ajoelhado e suas lágrimas de crocodilo

O babaca penso e não penso

Com os olhos vermelhos de remédio pra dormir

Com as mãos inseguras de falta de remédio para alma

Olho o babaca de frente ao espelho

E ele se reduz a ermo e meio-termo

O babaca que eu quase não vejo,

De frente ao espelho.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cena (ou, quase-Pasárgada)

Estou sentado à beira da praia

Que não existe na minha cidade


Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Que não existe na minha cidade


Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia,

Vejo a música do vento

Que não toca na minha cidade


Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Que não existe na minha cidade


Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Que não Existe na minha cidade


Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Rezo saudades do amigo

Que não existe na minha cidade


Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Rezo saudades do amigo

Enquanto penso, repenso, reflito

‘Não existo na minha cidade’


Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Rezo saudades do amigo

Enquanto penso, repenso, reflito

‘Não existo na minha cidade

Ou, não existe a minha cidade?’


Cena (ou, quase-Pasárgada)

Estou sentado à beira da praia

Que não existe na minha cidade

Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Que não existe na minha cidade

Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia,

Vejo a música do vento

Que não toca na minha cidade

Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Que não existe na minha cidade

Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Que não Existe na minha cidade

Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Rezo saudades do amigo

Que não existe na minha cidade

Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Rezo saudades do amigo

Enquanto penso, repenso, reflito

‘Não existo na minha cidade’

Estou sentado à beira da praia

Meus pés roçando a areia

Vejo a música do vento

Invejo a eternidade do momento

Nas polivozes interrompidas de Deus

Rezo saudades do amigo

Enquanto penso, repenso, reflito

‘Não existo na minha cidade

Ou, não existe a minha cidade?’

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Uma qualquer coisa com característica piramidal.

Tudo parece mais normal quando fica pra daqui a pouco.

O presente é tão factível que vem com a mão de encontro à nossa face,

E o que vem........? O que vem, vem vindo e vai ficando pra daqui a pouco.


A vida cata instantes

(Ou coisas desse tipo).

E como é tal o caso

De viver ser um verbo

Que se conjuga no presente

A vida passa a ser, além de vida,

O futuro que se pressente.


Todas as vozes que cantam mundo afora, causando admiração:

Todos os termos usados duas ou um milhão de vezes em toda canção:

Tudo já foi visto, tudo já foi estudado, tudo é nunca mais e é pra sempre.


O novo é o velho travestido.

Tanto que canto o que já foi dito,

Tanto que falo o que já está escrito.

Meço, remeço, e desfaço o concreto.

O belo satisfaz no encontro de seu elo

(O feio é belo, elo belo do feio meio belo):

A medida mais confiável é o espelho.


Todos os dias eu penso em mudar, mas o mundo me para com suas mãos frias.

Os caninos em brasa do destino teimam em rasgar minhas costas, meu peito.

E eu só posso fingir que não sinto nada! Eis o inferno! O temido inferno, meus caros!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Faz Calor nos trópicos

Nos trópicos o calor intenso jorra

E salga os corpos quase-brancos e quase-negros

Dos habitantes do local.


Nos trópicos usa-se menos roupa,

Efeito da quentura abundante

Que desveste as bundas do local.


(Nos trópicos, os guarda-roupas vestem blusas de frio

Pois é sabido que os guarda-roupas, por serem de estrutura morta

De uma madeira que já morreu, não sentem frio).


(nos trópicos) ....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................


Nos trópicos, senhores e senhoras aprenderam a viver apavorados!

Porque sabem que vivem nos trópicos,

Mas não tem coragem de abundar-se com suas bundas!

Porque são de um tempo em que, nesses mesmos trópicos,

Fazia-se bastante frio.


(Nota de rodapé:

Para mais, ver-se a quantidade de roupa utilizada pela amada aristocracia brasileira) .......................................


Mas é sabido, também, que naquela época existiam brancos nos trópicos

E brancos sentem mais frios que quase-brancos e quase-pretos.

E esse é outro fato interessante a ser destacado:

Nos trópicos já houveram brancos e por isso não fazia tanto calor...