quinta-feira, 14 de julho de 2011

Meu Velho,

O velho me falava coisas de velho.

Coisas que velhos gostam de falar,

Falava sobre a China, que é velha,

Mas não é tão velha quanto o velho.

Porque o velho tem a alma velha

E almas velhas são mais velhas

Do que qualquer país velho e velhaco.

O velho falava coisas de velho

E quando foi a hora de deitar, o velho

Continuou querendo falar, como os velhos

(Tão velho...)

Tão velho que estava o velho dormiu,

E o velho não disse mais nada.

Não disse nada, e o velho nunca mais sorriu.

Entrou pro álbum de fotografias

(Nosso, que nunca seremos tão velhos)...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

De repente

Sou habitante por hábito

Gente como todas as gentes

Nos conformes, mas informo

De repente:

Quero a solidão ao amor

Quero estar sozinho

(na companhia que for)

Quero o hálito da serpente,

De repente.

Nas dores, concentro

Quero andar a passos curtos

no Centro,

Esquecer a pressa e sem mais

Olho por olho, dente por dente,

De repente...

E entre o texto e o que penso

Passear pelo intenso

Com uma rima pobre à frente,

De repente!

Mas ao cair da tarde disforme

Ao perceber o sonho distante

Ver o hábito do presente

Decadente...

De repente?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Aos Guerrilheiros de ontem.

A vida é uma plantação de tomates podres,

Como a pretensão das odes,

Como a manutenção das cortes.

Viva o Médici! Viva o Médici!

O vermelho da rosa-viva

(Que não merece outro nome,

apesar de daninha)

Grita desesperado por uma liberdade

Já conquistada, já consentida!

Viva o Médici! Viva o Médici!

E a criação de galinhas, cacareja:

“Morte ao homem-morto!

Morte ao homem-morto!

Morte ao homem-morto!”

E cacareja o galo-rei:

“Matei o homem-morto

Matei! Foi, não foi?”

E a chama vermelha inflama,

Matou o homem-morto

E se reconhece na glória!

“E quem não matou o homem-morto?”

Esse só pode escutar história!

Viva o Médici! Viva o Médici!