sábado, 26 de março de 2011

Menino.

Quando o canto contar o conto

vai ou deve chegar um ponto

em que alguém vai empunhar espada

e lutar pelo que não vale nada.

e, então, espada empunhada

ouvir-se-á o berro do profeta:

-Quem quer brigar pelo que não vale nada?


Vai correr em desatino,

vai brigar por um menino,

que no fim não vale nada,

talvez se finja de morta,

ou se esconda atrás da porta.

Quem vai brigar por um menino

que no fim não vale nada?


Quando Deus descer ao Chão

no lombo feio e enferrujado

de um carro pior que o seu

e gritar na cara de cada:

-quem vai brigar pelo que não vale nada?

Alguém vai enfrentar o feio

e brigar pelo que não vale nada?


Vai sorrir em desalinho,

nas costas a sombra de um menino,

que no fim não vale nada.

quem vai dar meio carinho,

quem vai ser ninho e aninho,

de um menino que não vale nada?

domingo, 20 de março de 2011


Sua vontade de não ter vontade

é que me dá vontade de chorar

quando eu tento, tento e tento

quando a história vai passando

e eu com medo de passar.


O seu sorriso é o que me mata

quando, aos poucos, se afasta,

como o brilho dos seus olhos

se afastando com a história,

e eu com medo de passar.


Minha coragem murcha de repente

e eu soletro calmamente

“eu só quero te falar”

mas eu não falo, eu não conto,

porque não são neo-platônico

e eu tenho medo de contar.


já pensei em mandar flores

já pensei em escrever

já tentei gritar seu nome

já pensei umas perguntas

(mas, sem coragem de fazer)


já cansei de esperar

já cansei de te dizer

já te disse que te amo

já tentei te entender

(mas, esse poema é péssimo, será porque?)


Sua vontade de não ter vontade

de aprender junto comigo.


Sua vontade é ter tanta vontade

de aprendermos separados

pra podermos fazer juntos?


minha vontade é não ter vontade

porque sinto tanta saudade

que posso abraçar o mundo.

domingo, 6 de março de 2011

O babaca

Olho o babaca de frente ao espelho

O babaca que diz que é poeta

Que olha pra cima:’Creio? Não creio?’

Olho pelos olhos do babaca

Que enxergam o chão e só o chão

Vejo de cima, como se não fosse o babaca

Um babaca ajoelhado e suas lágrimas de crocodilo

O babaca penso e não penso

Com os olhos vermelhos de remédio pra dormir

Com as mãos inseguras de falta de remédio para alma

Olho o babaca de frente ao espelho

E ele se reduz a ermo e meio-termo

O babaca que eu quase não vejo,

De frente ao espelho.