domingo, 30 de agosto de 2009

Eu, você.

Quero te ver nua
Parada na minha frente
Com vergonha, impotente
Tentando se esconder dos meus olhos,
De você mesma, e do meu desejo.

Quero te ver nua
O corpo macio, a face vermelha,
Convencida tanto a ficar,
Como a correr e nunca mais ser vista
Eu, poder. Você, mulher.

Quero te ver nua,
Com os olhos pedindo, implorando
Pra eu não te comer só com os olhos
Com o corpo cheirando a dia comum,
Você, prostituta. Eu, qualquer um.

Quero te ver nua,
Te ver nua e não fazer mais nada,
Te ver nua, surda, e calada.
Te ver em mais alma do que pele.
Quero te ver nua...

Você, verme. Você, pura.
Eu, santo. Você, puta.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Lá onde o onde é onde,
Lugar que não admite discussão
Ponta de iceberg de calor humano
Perto, muito perto do coração,
Fronteira entre a gente querer,
E ter medo demais de ter vontade.
Terra de gente sem regras,
de gente sem lei de querer e amar.
Lá onde se admitem poetas,
Lá onde quem queria está,
Lá is the Never Land of poets, baby
But the place where the happiness exist,
The place, baby, é aqui.
É aqui onde é onde, onde eu sou seu lado
E onde o mundo é um lado,
Que está perto de nós...
Um lugar onde quem confessa é honesto,
E onde eu não confesso,
Porque é lugar de amores meus,
E onde só entra um desejo puro pelo seu sorriso...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

exercício de imaginação

Estou sentado bem perto do mar,
Quase na calçada, quase na areia,
Ainda não sei bem ao certo...
É noite, e chove de tempestade
A estrutura do mar se abala
E os uivos do vento assustariam qualquer um,
Fico mais tranquilo que nunca.
Sinto cada gota que se lança contra meu rosto,
Cada pedacinho de água que cai pelo meu corpo,
Estou só, mais só do que já estive
E aí posso rir como nunca.
De longe, não sei de onde
Meus ouvidos decifram uma canção que não me é estranha,
Pode ser Chico, Gil, Caetano, ou Raúl
Pode ser eu, pode ser qualquer um.
E de repente, percebo, é o Rio de Janeiro,
E vejo vindo ao meu eu encontro um Cristo de pedra,
Ele vai diminuindo pra eu chegar ao seu tamanho
Ele me olha, sorri pra mim,
Eu vou até ele, eu pedra molhada de chuva
Ele todo sangue, todo corpo, todo espírito
Sorrio também,
E lhe dou um abraço, e os braços abertos
Agora estão fechados em torno de mim...

Ele me diz em segredo:
“ estou esperando esse abraço faz séculos,
mas parece que ninguém tinha tido essa idéia”.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Aos insignificantes.

Fartíssimo de significados
Ando por aí, nem assim, nem assado
Alto aqui do meu tamanho
Procurando significantes no formigueiro
‘ entendo quem anda pelo mundo
Procurando em si mesmo, e nos outros
Uma maneira de saber o que se é,
Mas o melhor mesmo é não ser...’
Poderiam ter me dito, mas não disseram
Continuei minha viagem,
Aprofundei toda essa busca,
Pra não achar nada,
E pra não me achar em nada.
Existo, mas afinal, é como se não existisse
E se é assim melhor ser que não ser
Melhor o amor que o não-amor
Se felicidade não,
Se o impossível é realmente impossível,
Atentemo-nos aos significantes,
Signifiquemos,
Só isso, signifiquemos.

domingo, 2 de agosto de 2009

sem lenço, sem documento.

Eu não tenho medo de New York Times
Não tenho medo, não tem nada demais
Eu não tenho medo, The New York Times.
Não tenho medo de pseudo-americanos
Burros, gordos, imbecis, e americanizados,
não tenho medo de afro-americanos
seus carros conversíveis, seus dentes prateados.
Eu não tenho medo de nada que seja americano,
Porque eu sou o Brasil, porque eu sou meu sotaque.
Eu não tenho medo de gestos e coisas ianques!
Eu nunca tive medo de New York Times!
Eu sou as coisas de Minas, sorriso, Belo Horizonte!
I don’t want to know New York, tá bom?
Eu nunca quis sair daqui, não quero York nenhuma, ok?
Eu não tenho medo de loiras-burras americanas,
Nenhuma loira cheia de peitos, americana, me encanta
Nem com microfone na mão, nem com a força da grana
Sou sem por cento Caetano, nem Jackson, nem Madonna
Eu não tenho medo, THE NEW YORK TIMES!
Sou brasileiro-macho-vira-lata
De salto, brilho, batom, e saia.
Canalhas! Canalha!