sexta-feira, 20 de maio de 2011

Person Revisited ou Verso (em) Branco para Belo Horizonte

Quem me dera ver a minha cidade como estrangeiro.

E nunca perceber que a beleza das meninas daqui

Não as torna mais bonitas que as meninas do mundo.

Quem me dera não ter as minhas, minas, meninas dos olhos.

Poder ver – pra ver e poder – tudo isso, como se não fosse meu...


(devia ser, no mundo, que nos tornássemos donos de tudo o que já vimos mais de um milhão de vezes)


Assim, talvez, minha cidade não fosse tão feia

pasmem, porque minha cidade pode parecer bela aos que não viram a minha cidade

aos que são puros, aos que são bons, aos que não têm o meu coração


(Ao Papa, meu Deus!, ao Papa)


Quem me dera não ver a minha cidade

Quem me dera não conhecer cada rato e cada esgoto da minha cidade

Quem me dera não saber pra onde correr na minha cidade

quem me dera a minha cidade fosse a cidade dos outros

e eu não amasse a minha cidade.

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