sábado, 18 de julho de 2009

eis a questão.

Estática e misteriosa vida
ensaio para outras vidas
teatro do sórdido
representação do respeito.
somos todos canalhas de nós mesmos,
não somos nada, mas nos damos por tudo.
Somos os outros dos outros
e mesmo assim temos a pretensão
de ser quem somos.
a pretensão de sentir,
e ainda há os pretenciosos...
Raça de assassinos e santos!
De poetas, de matemáticos.
de pintores, de químicos,
e músicos, e físicos.
raça do acho-que-sou-alguma-coisa,
mas não é merda nenhuma,
nem raça é.
nem viver, vive.
'o mistério é não haver mistério algum',
mas o melhor é fingir que há mistério
e viver, confortável, ensaiando para viver depois.
o tapa dói menos,
mas o roteiro é sofrível,
somos sofríveis e sofremos, por isso sofremos.
quanta pena devem ter de nós

quem deve?

talvez o assassino, talvez os santos
mas certamente quem tiver razão
o diabo é que ninguém tem razão
e se tivesse, seria um pobre-diabo.

quem deve?

talvez Deus, se ele existir.
talvez o demônio, se Deus existir.
mas os nossos próprios demônios têm razão
não sei qual, mas eles às têm...

Raça de jogados na cama
de depressivos que se fingem de alegres
anti-raça
macacos sem pelo,
racionais sem sentimenos,
a imagem e semelhança do que somos
é a pintura nítida do que não somos:
somos o que fingimos ser,
para não ser quem realmente somos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário